Titãs em Porto Alegre: Apesar de mais uma baixa, a banda segue excelente
By Maria Eduarda {@mariaeduardamichael} - março 13, 2017
Opa! Tudo bom? Na última sexta-feira rolou aqui em Porto Alegre mais um show da banda Titãs. A turnê faz parte do disco “Nheengatu” e contou com a nova formação da banda. Dessa vez, quem vai falar mais sobre isso é o Lucas Vidal e também vai explicar mais um pouco sobre essa nova formação dos caras. Confiram:
De todas as
bandas brasileiras dos anos 1980, os Titãs estão entre as que conseguiram
construir a carreira mais sólida. Sem pausas, permanecendo na mídia desde o
início das suas atividades e lançando discos sempre elogiados, o grupo resistiu
não só ao tempo, mas à saída de muitos dos seus integrantes. Primeiro, Arnaldo
Antunes foi cuidar da sua carreira solo. Poucos anos depois, uma tragédia tirou
a vida do guitarrista Marcelo Frommer. Na sequência, saíram Nando Reis, com o
mesmo pretexto de Arnaldo, e Charles Gavin, que hoje é apresentador do Canal
Brasil. O último a abandonar a barca foi Paulo Miklos, e essa ausência foi
muito sentida no Opinião, em Porto Alegre, na última sexta-feira.
Já
acostumados a lotar a clássica casa de shows da capital gaúcha, os
remanescentes Branco Mello, Tony Bellotto e Sérgio Britto, acompanhados do
baterista Mario Fabre e do guitarrista Beto Lee, entregam-se com uma garra
comovente. Começam com Cabeça Dinossauro, que dá nome ao disco mais famoso do
grupo, lançado em 1986. “Cabeça Dinossauro/Pança de mamute / Espírito de
Porco”. Eis a letra que plateias de todo o Brasil cantam em plenos pulmões há
décadas. AA UU e Diversão, interpretadas por Sérgio Britto, dão continuidade ao
espetáculo. Logo após, Mello apresenta A Melhor Banda de Todos os Tempos da
Última Semana, um dos pontos altos da noite. A refinada crítica à indústria
musical e à supervalorização dos artistas de língua inglesa em detrimento dos
nacionais é entoada por todos.
Foto tirada do Facebook oficial da banda |
O Pulso, Aluga-se
(de Raul Seixas) e Será Que É Isso Que eu Necessito? seguem empolgando. Em
Sonífera Ilha, o primeiro sucesso deles, do álbum de estreia, de 1984, boa
parte do público protagoniza na pista do Opinião um retorno aos anos 80, com
uma dança daquelas que costumamos ver nos clipes da década. O ambiente não
poderia estar melhor. Quando o clima de nostalgia começa a tomar conta, os
Titãs chegam com Fardado, o rock pesado do mais recente álbum, Nheengatu. Uma
pena que “Fardado / Você também é explorado” não seja mais um refrão poderoso
como era com os vocais de apoio de Miklos. Os fãs retribuem o esforço da banda,
fazendo as vezes do integrante recém saído.
Chegada ao
Brasil, de Mello, é a outra representante de Nheengatu e talvez a única que deixa
a desejar, dispersando parte dos espectadores. Muitos aproveitam para fazer sua
selfie, comentar algo com os amigos. Televisão e Lugar Nenhum trazem a plateia
de volta e antecedem uma novidade: o icônico guitarrista Tony Bellotto assume o
microfone em Pra Dizer Adeus, que compôs em parceria com Nando Reis para o
disco Televisão, de 1985. Ele começou a cantar somente no ano passado, e em
palcos gaúchos esse foi um fato inédito. Epitáfio é daquelas que até as paredes
do Opinião sabem a letra. É um dos maiores clássicos dos Titãs. Emocionante!
Foto tirada do Facebook oficial da banda |
Se a
apresentação acabasse aqui, com certeza ninguém reclamaria, mas os Titãs não
cansam de empilhar hits. Marvin, Flores, Polícia e Homem Primata estão na lista
de músicas que o país inteiro tem a letra na ponta da língua. Ovacionados, eles abandonam
o palco. Como já é tradicional nas suas exibições, eles retornam em menos de
cinco minutos. Os sucessos Desordem e Bichos Escrotos são executados na volta.
Aproximando-se do fim, acontece a única escolha questionável. Com seu refrão recheado
de palavrões direcionados a políticos corruptos, Vossa Excelência é uma das
mais representativas canções da banda nos últimos anos, mas é impossível não
sentir falta da voz de Miklos gritando “Filho da puta / Bandido/ Corrupto/
Ladrão”.
Foto tirada do Facebook oficial da banda |
Depois de
mais alguns minutos fora, os Titãs fazem o segundo bis, com É Preciso Saber
Viver, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Depois de um desfile de duas horas de
composições políticas, românticas, bem humoradas e críticas, se despedem com
uma bonita balada do Rei. O show, apesar de excelente, deixa uma dúvida: será
que os Titãs continuarão resistindo à mais recente baixa? As vozes de Arnaldo
Antunes e Nando Reis já deixavam saudade. Agora uma terceira voz está sendo substituída nas apresentações. Os fãs do rock brasileiro torcem para que Branco
Mello, Tony Bellotto e Sérgio Britto se saiam tão bem nos próximos anos quanto
se saíram na noite da última sexta-feira no Opinião :)